Recebi o convite da Renata pra escrever um texto sobre O Dia Mundial do Rock, mas resolvi não obedecer...vou escrever sobre o MEU Dia Mundial do Rock.
O legal é que o meu dia Mundial do Rock são dois...hehehe...
O primeiro foi em 1987. Eu morava em Irajá, subúrbio do Rio de Janeiro, e tinha um vizinho que, assim como eu, era muito ligado em música. Eu e Marcelo éramos dois pirralhos que curtíamos The Cult, Oingo Boingo, Blitz, Paralamas, etc...
Mas, sabe como é: naquela época começou a encher os ouvidos da gente um tal de Furacão 2000, e nós, ainda sem muito discernimento, quase caímos nessa “armadilha”. É...quase...
Um belo dia, o Marcelo sobe no muro dele e me chama: - “Christian, chega aê pra eu te mostrar uma parada”.
Fui até a casa dele, e a vitrola (alguém lembra?) já tava “engatilhada”.
Eu pergunto: “O que é, Marcelo?” Ele não diz, e põe a agulha na segunda faixa do Lado B do disco.
Começa a rolar um som tipo Baião e eu olho pra cara dele bolado. Eu digo: “Porra Marcelo, Baião?” - Ele me faz sinal pra esperar e pede pra prestar a atenção na letra.
Cerca de nove minutos depois eu estava totalmente embasbacado na frente daquela vitrola, e o Marcelo com aquela cara de “eu não falei ?”
Era “Faroeste Caboclo”, da Legião Urbana. Depois daquele dia nunca mais fui o mesmo.
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Meu segundo dia foi em 1999. Eu já curtia o KISS, achava a banda maneira, e até queria ir ao show, pra ver toda aquela pirotecnia, etc...
E nesse ano os caras estiveram no Brasil, mais precisamente em SP, no Autódromo de Interlagos.
Eu e meu amigo César resolvemos garimpar (naquela época nem tinha Google direito) e achamos um cara que fazia caravanas. Juntamos nossas moedas e fomos pra Sampa ver o KISS...
E o que vi foi uma banda com (na época) 26 anos de estrada, que depois desses anos todos até poderia fazer um show pra “cumprir tabela”... Mas os caras deram o sangue (sem trocadilhos, né, Gene Simmons?), fizeram o show como se fosse o último da vida deles.
Da platéia o que dava pra sentir era um clima raríssimo de comunhão, parecia mesmo um culto ao Rock And Roll. Não tinha baderneiro, não tinha playboy-rebelde-sem-causa-briguento.
Só uma galera disposta a respirar a boa música, se divertir com os trejeitos e as letras debochadas (algumas) do KISS. Famílias inteiras, um congraçamento que raramente se vê numa platéia de show “grande” hoje em dia.
Saí de lá me sentindo abençoado mesmo, privilegiado de estar ali.
Rock pra mim é sim, um estado de espírito. Mais do que rótulos, Rock é um sentimento, é um território sem fronteiras.
Pra terminar, e provar o que disse acima, deixo um vídeo com vocês. Uma prova de que rock do bom se faz independentemente do que você pensa, sente, ou acredita.
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